Saturday 6 February 2010

O Hoquei em Patins nao e um desporto de elite!!


Acordei hoje com uma raiva enorme, pela forma como tratam o nosso hoquei em patins em Mocambique.

Existe uma corrente muito forte, publicitada pelos varios orgaos de informacao e que debita na cabeca das pessoas menos informadas, a mensagem de que o hoquei em patins e um desporto de elite e muito caro.

Apetece-me dizer um palavrao ao ler estas incorrecoes e que demonstram uma falta gritante do conhecimento da modalidade, do seu historial e das vantagens no desenvolvimento fisico-psiquico, de coordenacao e espirito de equipa, de acompanhamento familiar e desenvolvimento da tanta propagandeada auto-estima.

O hoquei nao e de elite! Os desportos que sao de elite, porque para tal foram eleitas como de elite, sao o futebol, o basquetebol, o atletismo, o andebol e a natacao, as cinco modalidades que o Governo Mocambicano prioritiza como base do desenvolvimento, isto sim, e que se trata de elitizacao!

O hoquei em patins e uma modalidade dos pobres, dos desfavorecidos e dos vitimizados!

Esta modalidade surge como uma extordinaria forca na uniao das pessoas envolvidas, desde os atletas, familiares, dirigentes e clubes, foi num passado recente uma modalidade que deu muitas glorias ao desporto mocambicano, mas tem sido vitima de uma constante perseguicao por parte dos clubes, dirigentes e de outros intervenientes desportivos, movidos pela falta de informacao, pelo desconhecimento e pela inveja.

Dou exemplos do que esta a acontecer em alguns clubes, onde o hoquei deixou de ser acarinhado e protegido, pelo contrario, foi ate banido:

O Estrela Vermelha alugou o Pavilhao do Malhangalene (principal) ao basquetebol duma instituicao de ensino, o hoquei nao e autorizado, a nao ser que pague o aluguer; o Anexo esta disponivel, mas quando outras modalidades recreativas, como o futsal e basquetebol aparecem para treinar, o hoquei tem que sair.

O Ferroviario retirou o Campo da Baixa que era do hoquei e deu ao basquetebol, o hoquei nao e autorizado, em troca deram o campo que era do basquete e que nao esta adequado a modalidade, exige investimento, que o basquete nao fez, mas que conseguiu atraves do "roubo" e "usurpacao" do campo que sempre foi do hoquei.

O SNECI, com um historial enorme ligado ao hoquei e patinagem artistica, mesmo depois da Independencia, foi absorvido por um clube com ligacoes a uma comunidade poderosa e importante, onde o hoquei foi completamente ignorado e banido, em favorecimento de outras modalidades como o futsal.

O Desportivo deixa que a modalidade se pratique, tem apoiado, mas quando se trata de competicoes, e preciso pagar o aluguer, e preciso "mola"para se jogar, senao nao ha hoquei para ninguem.

O factor "mola" que tanto os clubes precisam, norteia a sua actuacao e os principios estatutariamente consumados, ficam esquecidos e guardados nas gavetas.

Li um texto da revista "Idolo", os principios basicos para o desenvolvimento duma modalidade, perfeitamente indicados e esclarecidos e que deveriam constituir as linhas de orientacao e actuacao por parte dos clubes (Enlance entre pai e filho desportista).

Depois destes exemplos, ainda me veem dizer que o hoquei e de elite?

Somos banidos, somos corridos, somos desrespeitados, somos marginalizados, somos perseguidos e ainda somos de elite?

E a falta de visao por parte dos "ideiortas" (diminutivo para "ideias tortas") que definem as prioridades desportivas para o Pais, querendo ser iguais e atingir niveis em modalidades praticadas em Paises onde o desenvolvimento economico e muito superior ao de Mocambique, e uma ilusao e so traz frustracoes constantes aos desportistas e publico amante do desporto; a auto-estima e danificada, diminuida quando os resultados alcancados em competicoes internacionais sao frustrantes, depois de enormes expectativas criadas na consciencia colectiva dos acompanhantes das tais modalidades "prioritarias" e "elitistas".

O cumulo ate existe a nivel do proprio Governo Mocambicano: o dirigente do Desporto a nivel ministerial , o Vice-Ministro do Desporto, o Dr. Caze, e um homem e desportista criado e vindo do hoquei em patins; para quem conhece o seu historial ao longo dos anos desde a Independencia sabe que ele esteve sempre ligado ao hoquei, como praticante, medico e dirigente; quando outras modalidades o descobriram como Medico e um optimo profissional, carinhoso e jocoso para com os seus atletas, foram busca-lo pois sabiam das suas qualidades tecnicas e humanas; ou seja, o proprio Governo foi "roubar"ao hoquei um dos seus melhores elementos para apoiar e desenvolver as outras modalidades e ainda me dizem que somos elitistas??

Desejo-vos um bom fim de semana!

Ze Carlos

5 comments:

  1. Zé Carlos, só não concordo com esta frase: "O hoquei em patins e uma modalidade dos pobres, dos desfavorecidos e dos vitimizados!"

    De resto, e apesar de perceber que o contexto das tuas palavras é o hóquei moçambicano, prefiro pensar nos míudos que vi hoje no Académico da Feira (ver reportagem na próxima semana, em www.mundook.net), que estão motivados, estão confiantes e querem evoluir na modalidade. Tem alguns miudos que vêem de uma instituição de solidariedade social e outros, de classes baixas e médias, que querem jogar esta bela modalidade... não somos vítimas! A modalidade é, de facto, muito cara mas... o dinheiro que se gasta nuns patins é um INVESTIMENTO no futuro.

    É assim que eu gosto de pensar nesta modalidade! Um abraço e bom fim-de-semana...

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  2. Boa noite e cumprimentos ao bloggista e a todos os que o acompanhamos.
    Antes de mais, e para que não baralhemos os conceitos, alguns esclarecimentos.
    1. Sempre houve modalidades prioritárias em Moçambique. A diferença é que agora, desde 2006, há critérios objectivos, definidos após trabalho aturado, amplamento participa-do, até com participação da comunidade cien-tífica. A ideia foi a de encontrar 1 formula-ção o mais objectiva possível, que não dei-xasse o tema ao parecer subjectivo do poder do dia. Por outro lado, em cada ciclo olímpi-co se procede a novo concurso em que as moda-lidades participam. Em 2011 haverá novo con-curso e nova oportunidade para todos. Num Pa-ís em que os recursos são escassos, é mesmo preciso definir prioridades para onde o Esta-do canalizará esforços. Porém, mesmo assim, nunca o hóquei teve tanto apoio de facto co-mo nestes últimos 5 anos, em formação de téc-nicos e árbitros, em aquisição de material de iniciação e para competição, em apoio directo à Selecção Nacional, mesmo não sendo 1 modalidade prioritária. Achar q isso é fru-to de "ideortas", é miopia ou má vontade e eu não te conhecia como tal. Mas é evidente que tens direito a ser o que quiseres.
    2. Pessoalmente levei a cabo, há já alguns anos, um estudo simples, comparativo de 4 mo-dalidades para avaliar os seus custos e o re-sultado foi: 1.Futebol (o mais caro), 2.Bas-quetebol, 3.Andebol, 4.Hóquei em patins. Não incluí outras modalidades, mas está claro q o hóquei não é tão caro como se propala.
    3. Uma sociedade de mercado constrói-se com elites, e elas são das + variadas: os jorna-listas são 1 elite, os músicos são 1 elite, os médicos são 1 elite, oa académicos são 1 elite, etc., etc., e não é por isso que são desconsiderados. Portanto, a questão não es-tá na elite em si, mas no papel q essa elite desempenha na sociedade, na contribuição q ela dá ou não dá à sociedade. Eu acho que precisamos de elites q usam as suas capacida-des para o bem comum e não para dele se afas-tarem.
    Posto isto, 1 dado muito simples. O problema do hóquei moçambicano está em si mesmo e não fora dele. Nunca ele foi tão apoiado como agora. Mas dentro do hóquei há elementos cujo prazer e função é não fazer, falar; não patinar, atirar palavras ao vento algumas de-las injuriosas até; permanentemente apontar dedos em vez de se olhar ao espelho. Por e-xemplo, eu conheço muito bem o papel da comu-nicação social na sociedade, mas não compre-endo como é, sistematicamente, membros da "família" do hóquei recorrem por sistema à comunicação social para colocar questões, para resolver assuntos. Será q as famílias resolvem os seus assuntos internos assim? E quando são convidados a encontros para aber-tamente colocarem as questões e as resolve-rem, não aparecem.
    Meu caro amigo, deixa-me lembrar-te um dos pensamentos de um velho filósofo orien-tal: "Sem inquérito não há direito à pala-vra". Meu irmão tu estás muito longe há mui-to tempo, é preciso q venhas ao local para com toda a autoridade sobre ele te pronuncia-res. Não basta q te baseies em informação que vais recebendo, tens de a confirmar tu próprio. Essa é 1 regra básica do tratamento da informação.
    Por fim, 1 simples reparo: eu não fui rouba-do a ninguém, eu não sou propriedade privada do hóquei. Eu sou um cidadão que respondeu ao chamamento do mais alto magistrado da Pátria, aceitei-o com humildade e trabalho para o bem do Povo e do País, para a melhori-a também da nossa auto-estima. E, repito, nunca o hóquei teve tanto apoio formal como nos últimos 5 anos. Mas, só pode ser ajudado quem quer ser ajudado. Parece q há quem não queira ser ajudado, ou se calhar estão zanga-dos com quem está a querer ajudar e a fazê-lo! Mas aí... azar o deles. Ou como já dizia o meu avô: "a mesma água do rio não passa 2 vezes por baixo da mesma ponte".
    Bom fim de semana, e não te zangues muito porque isso causa gastrites por stress. Cool, meu irmão. A Luta Continua. Ciao.
    Cazé

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  3. Obrigado ao Nelson e Caze pelos comentarios;
    perguntava-me o meu amigo Carlos Pinto se escrever neste blog era uma forma catartica para os meus problemas, o que acabei por concordar; aprendi que uma das formas para lidar com as minhas frustracoes internas seria escrever e interagir com aqueles que me podem entender e apoiar, pois a distancia fisica que nos separa, extingue-se atraves deste tipo de comunicacao;
    quando escrevo o que sinto, a escrita sera muitas vezes emocional e temporaria, mas depois atraves das vossas contribuicoes e ajuda, consigo reflectir e mudar a forma de pensar e lidar com as minhas insuficiencias;
    em relacao ao que o Nelson escreveu, gostaria imenso poder ver um trabalho de investigacao por algum estudante da Faculdade de Motricidade Humana ou de Desporto sobre o tecido social em que se desenvolve o hoquei em patins em Portugal e em outros paises em que a modalidade esta mais desenvolvida, para a recolha de dados que possam ajudar a perceber melhor a base de desenvolvimento e de sustentabilidade da modalidade;
    em relacao ao Caze, eh um privilegio poder ter aqui a reflexao e opiniao de um grande amigo, desportista e dirigente;quando me referia as "ideias tortas" nao me expliquei claramente o que realmente pretendia, tendo sido incorrecto na sua apresentacao; referia-me as razoes que levaram a priorizacao de modalidades desportivas que foram efectuadas ha muitos anos,provavelmente ha mais de vinte anos e que hoje estao desactualizadas, destorcidas e que nao reflectem a nova politica do sector; hoje prioriza-se a "auto-estima" e esta sera alcancada atraves de resultados e de impacto nao so a nivel interno como externo;o hoquei mocambicano apresenta-se em diversos palcos internacionais, desde a Suica,Portugal, Espanha, Estados Unidos, China, Andorra,Mexico,Uruguai,Argentina,Chile, Africa do Sul,Egipto, Angola, onde o nome e elevado e varios teem sido os trofeus trazidos, desde 2 Campeonatos do Mundo (Grupo C e B), Campeonatos Africanos e Torneios Internacionais; se as elites contribuem para o desenvolvimento, entao facamos do hoquei uma modalidade prioritaria, em parceria com outras modalidades;o criterio de escolha devera ser do conhecimento geral e divulgado e se existe a possibilidade de candidatura, entao este objectivo devera ser incluido como prioritario no trabalho da Federacao;por outro lado tambem seria interessante conhecer um pouco mais e duma forma mais sistematica, se calhar um outro estudo por parte de algum estudante do ensino superior,para avaliacao das etapas historicas da modalidade em Mocambique e como foi que ela sobreviveu; momentos houve em que o Estado deu o seu total e quase unico apoio (em 1978/84 e 2004/ate ao presente), altura em que foram os Clubes e empresariado (1975/77,1985/94) e as poucas alturas em que a triologia Estado-Clube-Empresariado trabalharam em conjunto;
    neste meu post pretendia que os Clubes devolvessem a modalidade a possibilidade da sua pratica nos seus campos e Pavilhoes que foram construidos para albergarem o hoquei em patins,pois parece-me que esses mesmos clubes escondem-se atraz de uma orientacao governamental para terminarem com a modalidade; nao ter possibilidade de treinar e jogar em campos que foram construidos para a modalidade, isso e que me faz ficar triste e desiludido; sinto-me impotente pela distancia fisica a que me encontro da realidade,mas nem por isso deixarei de fazer chegar as minhas preocupacoes atraves dos meios existentes e blogar ajuda imenso;
    fiquem bem e mais uma vez muito obrigado pelo vosso apoio e entendimento;
    saudacoes
    Ze Carlos

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  4. Caro amigo Zé

    Primeiro que tudo PARABENS pela iniciativa do blog, penso que por aqui trocaremos melhor as ideias e poderemos sempre ter um parecer de outros e entendidos.

    Segundo dizer que eu nao estou contra pessoas nem estou a fazer guerra a ninguem em particular.

    Bruno Pimentel

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  5. Viva

    Já vi que todos queremos ter razão ....... assim fica dificil

    - Cada um puxa a brasa para sua sardinha

    - Agua mole em pedra dura tanto bate ate que fure

    Tou consciente do que falei , ja li o que se escreveu aqui , e para evitar conflitos e etc o que penso vou tomar cuidado de enviar a ti e a Sua Excia Senhor Doutor Carlos Sousa um email com meu parecer.
    Mas nao se zanguem comigo, nao falei nada por maldade.

    Abraço

    Bruno Pimentel

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