Monday 10 December 2012

ARSÉNIO ESCULUDES




Minha última refeição com o Príncipe da Mafalala, ARSÉNIO ESCULUDES

Foi em finais de Marco de 2011, quando mais uma vez os verdadeiros amantes e fazedores do hóquei Moçambicano se reuniram com o Presidente Vitalício Dr. Hermenegildo Gamito e ofereceram incondicional apoio ao Presidente da Federação Moçambicana de Patinagem Nicolau Manjate.

Nessa noite, foram de novo revistos momentos inolvidáveis do nosso hóquei; foram traçadas estratégias, discutidas opções e todas elas foram validadas e apoiadas pelos presentes.

Arsénio como sempre bem disposto, trouxe nos a memória momentos hilariantes; sua maneira de contar, seu "gaguismo" inigualável seu sorriso e sentido de humor animaram este jantar hoquista; não sabia que seria minha última refeição com este grande amigo, colega, treinador e mentor.

Não foi por acaso que ele se sentou a minha frente, mesma posição que jogamos muitas vezes em campo, um ao lado do outro ou então como adversários.

Nessa noite levei-o até casa, ali no estrela e quando ainda conversávamos nossas últimas palavras fomos abordados por um jeep da Policia cheio de guardas; um deles, o Chefe amavelmente veio ter até ao carro e perguntou se tudo estava bem, o qual o nosso Príncipe da Mafalala respondeu sempre com seu jeito jocoso " Tudo bem mano, aqui mando eu!!" E lá se foi o chefe despedindo-se muito cordialmente, desejando "Boa noite manos velhos!".

De facto manos velhos, desde que conheci o Arsénio no Ferroviário em 1974 quando cheguei a então LM; desde daí fomos adversários, colegas na primeira Selecção de Moçambique que participou num Mundial de S. Juan em 1978; ficamos para sempre amigos; ele seria igualmente meu Treinador em 1988 no Mundial da La Coruna; tiramos o mesmo curso de Treinadores na Cruz Quebrada em 1986, um mês juntos no Centro de Estágio.

O Arsénio tinha uma paixão muito especial pelas pescas, sempre aparecia no Porto de Pescas e meu visitante assíduo na Mosopesca; seria ainda através do Arsénio que o Armador Giverage conseguiria um embarcação semi-industrial de pesca da Baía de Maputo e o Arsénio dedicou-se muito aos arrastões para além do seu trabalho nos Caminhos de Ferro. Nos últimos tempos ficava no Clube Marítimo, em boa forma como ele dizia, pondo e tirando embarcações no mar.

Enfim, mais um amigo que parte; este ano já se foram muitos, tais como o Eng. João Boavida, o Quimlú e agora o Príncipe da Mafalala!

Quem irá agora contar nossas histórias, como só ele sabia?

Descansa em Paz Arsénio!