Saturday 30 November 2013

O reacender de emoções



C9-EMC LAM - Linhas Aéreas de Moçambique Embraer ERJ-190AR (ERJ-190-100 IGW) taken 26-08-2013 at Johannesburg - OR Tambo International (JNB / FAJS) airport, South Africa by Wesley Moolman


Na manha de 20 de Outubro de 1986, cheguei ao meu gabinete de trabalho na Mosopesca, ali na Rua de Bagamoyo, para mais um dia de trabalho como Director Geral da Mosopesca; eram cerca das oito horas da manha e tudo indicava que seria um dia normal de trabalho.

Alguns minutos após ter-me sentado a secretária, recebo uma chamada do Dr. Fernando Simões,que na altura era um dos quadros seniores do Instituto de Investigação Pesqueira e um dos nossos melhores biólogos marinhos, perguntando-me se já sabia do acidente.

Acidente, que acidente? O avião presidencial que transportava o Presidente Samora Machel tinha caído na África do Sul na noite anterior, diz-me o Fernando. Foi um choque enorme, um sentimento inicial de não ser possível, uma ansiedade e medo enorme, um não acreditar que tal fosse possível, afinal Samora era imortal, não podia assim de repente ter morrido, algo tinha que ser feito para mudar a noticia!

A seguir seriam uma serie de telefonemas e ouvir a radio nacional para mais noticias; no final do dia confirmava-se aquilo que não queria que tivesses acontecido, de facto o Presidente e sua comitiva tinham perecido nesse fatídico desastre.

Depois seriam as cerimonias fúnebres, que acompanhei ali no nono andar do Prédio 1o de Janeiro, olhando o Porto de Pesca e a Ka-Katembe, sob o estrondoso buzinar das embarcações acostados ao longo de todo o Porto de Maputo, nesse dia caíram-me lágrimas de tristeza pela enorme perda, afinal Samora tinha sido minha inspiração e motivação principal por tudo aquilo que eu fazia pelo novo País.

De novo,as mesmas emoções começaram a desenvolver-se desde de ontem quando através do Facebook me apercebi que algo de grave teria acontecido com o voo entre Maputo e Luanda; essa mesma rota que meus companheiros e amigos tantas vezes fazem, alguns deles estiveram comigo em Angola há cerca de dois meses, tendo uma enorme ansiedade e tristeza apoderado de mim; hoje tive que trabalhar e não deixava de pensar na noticia do desaparecimento do avião das LAM.

Logo que terminei o trabalho e regressei a casa, foi a confirmação daquilo que não queria que acontecesse; agora era apenas tristeza e pesar, pensando nos familiares, na dor, na perda e consolação dos mesmos; por outro lado, a própria LAM e seus quadros e trabalhadores, como estarão eles, uma preocupação que passa pela impossibilidade em alterar os acontecimentos.

Aos familiares que agora sofrem pelas suas perdas, aos colegas das LAM e seus quadros superiores,antigos e actuais trabalhadores,onde tenho uma grande e vasta amizade, envio um enorme abraço de solidariedade e empatia por esta tremenda tragédia. Em especial um grande abraço de apoio e solidariedade ao meu amigo e colega Dr. Paulo Negrao, ele próprio um antigo Comandante das LAM, actualmente membro do Conselho de Administracao das LAM. 

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