Sunday, 28 February 2010

...e assim termina Fevereiro!


Com a chegada dos primeiors raios solares,ao cair da tarde, termina o mes mais curto e assim se aproxima o ultimo mes do trimestre,o acabar de um dia e o despertar de um novo mes,cheio de ilusoes e sonhos por realizar!
Recebi ha dias um chamada de um velho amigo de Mocambique, o Jorge Pais, que foi meu brilhante Seccionista no Estrela Vermelha de Maputo, numa epoca em que vencemos todas as provas em Hoquei em Patins nas tres categorias existentes: Seniores, Juniores e Escolas! Um feito inigualavel visto que ate tinhamos duas equipas em Seniores, a equipa "A" vencedora absoluta e ainda a equipa "B" que conseguiu ficar em penultimo lugar, num Campeonato disputado depois de muito tempo, entre 6 equipas! Decorria a epoca 1991/2 e o Jorge Pais, apesar de ser um homem do basquetebol, viveu connosco esses inolvidaveis momentos,verdadeira epopeia vitoriosa, que ficara na memoria daqueles que a viveram plenamente!
No entanto,a postagem de hoje e sobre os primeiros raios solares que finalmente ousam aparecer no horizonte, depois de interminaveis dias chuvosos e friolentos; esta tarde, atraves da janela da minha cozinha, consegui captar aquilo que mais falta me faz no complemento fisiologico de uma vivencia quotidiana serena e abundante, rasgada as vezes por interferencias exteriores que validam a minha impotencia perante a forca destruidora da Mae Natureza, mais uma vez manifestada nas zonas costeiras do Chile: um outro terramoto e tsunamis subsequentes que deixaram morte, tristeza e destruicao. Aos meus amigos e irmaos chilenos, com quem tive muitas relacoes profissionais e de amizade, envio um abraco de solidariedade e de apoio moral.
Saudacoes
Ze Carlos

Saturday, 20 February 2010

Missao de Jecua em Vila de Manica

Nos finais da decada de 50, iria viver para Vila de Manica, no Bairro Ferroviario junto a estacao de Caminhos de Ferro, entre o Porto da Beira e Machipanda, na fronteira com a ex-Rodesia,hoje Zimbabwe. Iniciei a Escola Primaria nesta Vila e a pratica da patinagem e hoquei na Missao de Jecua e no Clube da Vila. Lembro-me de alguns companheiros da escola como o Sergio Sousa da Casa Manica, do Robin das Aguas de Manica, do Joao Torres da Machipanda, da Fatinha e irma, do Luis Morais e irmas e do Felicio Zacarias na Missao, onde minha irma fez o primeiro ano do Liceu e meu pai treinava a nossa equipa. Como material, tive os meus primeiros patins de rodas de ferro e rolamentos, com aperto frontal e fivela no tornozelo, o stick e bolas e restante material eram do hoquei em campo, material facil de adquirir na cidade fronteirica de Mutari, ex-Umtali. Fazia muito frio na epoca seca, temperaturas a rondarem os zero graus e foi aqui que tive a minha primeira espingarda de pressao de ar, uma Diana 23, adquirindo o gosto para dar o tiro em tudo que voava e se mexia, incluindo galinhas que muito sofriam com a minha afinada pontaria. Quem nao gostou muito dos chumbos foi uma colmeia que tambem serviu de alvo e a resposta foi a primeira experiencia de varias picadas de abelhas todas elas no seu pleno direito de protestarem veemente a minha falta de consideracao e respeito. Igualmente experimentaria o uso da Winchester ponto 22 e de uma 365 cujo coice nao me deixou muito boas recordacoes e varios treinos com uma pequena FN 6, 35mm. Foram os primeiros tempos em varias aventuras por entre a vegetacao densa e ao longo dos riachos que a bordejavam, primeiros passos na fria sensacao de tirar a vida a inocentes seres viventes e indefesos, mas criadores de um sentimento interno de dominio e controle. Nas traseiras da casa ferroviaria ficava o curral de criacao domestica do inesquecivel "Xico", um pequeno leitao de semanas, que chegaria a porcao depois de um ano em regime de alimentacao reforcada, terminando em febras, costeletas, miudezas e presunto para o ano seguinte;um pouco mais longe destacava-se um majestoso formigueiro, cujo interior sempre me suscitou enorme curiosidade, mas pouco me aventurei na descoberta de suas entranhas, tal o respeito que tinha por suas laboriosas ocupantes. Um dia resolvi experimentar os Havanas do nosso empregado domestico e gostei da leve docura de seu envolvente papel castanho escuro e da sensacao de leveza provocada pelos vapores inalados........foram tantos seguidos que me embebedei de tal forma, provocando uma forte reaccao estomacal e uma grande reprimenda maternal, que resultou numa inabilidade perpetuarizante em fumar cigarros, um mal que veio por bem!
Vou ver futebol! Ciao..............
Ze Carlos

Sunday, 14 February 2010

Hotel Chuabo


Hoje foi um dia de recordacoes dedicadas principalmente a minha passagem em Quelimane, revividas juntamente com outro mocambicano da Diaspora no Reino Unido, o Antonio Jose Ribeiro, um Phd em Politica Ambiental a viver em Liverpool; encontramo-nos hoje em Bath, uma das minhas cidades favoritas, para um "revival" das vivencias passadas em diversas partes de Mocambique. De um inicio mais disperso, acabamos por encontrar uma epoca comum, no ano de 1985, quando fui nomeado Director da Emopesca de Quelimane, substituindo temporariamente o Kimlu (Joaquim Cruz), por um periodo de cerca de 6 meses, entre Maio e Novembro de 1985.
Lembramo-nos de pessoas do conhecimento comum, tais como o Xico Pinto da Veterinaria, do Donato de Melo da Electricidade, do Joao Fortes da Companhia da Zambezia, do Minsitro Residente Mario Machungo, do Director Provincial de Agricultura Jose Pacheco, do Matias Xavier, da Madal, do Ex-Sporting e Desportivo, do Rene da Cafum, dos Cabrais, Costa Pinto, Lopes Pereiras, do Licuari e do afundamento do camaroneiro Zambeze o dia 15 de Setembro,nas mares de Equinocio, da operacao de resgate, da sua reflutuacao a 31 de Dezembro, da proteccao militar na zona de afundamento (um cotovelo do rio que separava na altura a Cidade dos avancos da Renamo), do derrube de postes de energia que obrigavam a Central Electrica a diesel a operar em extremas condicoes, do meu futebol de salao pela Favezal e o Campeonato Nacional que nesse ano foi disputado em Quelimane e sobretudo do Hotel Chuabo,onde residia, sob os tratamentos preferenciais da D.Amalia, do privilegio das bebidas, das trocas que faziamos para garantir certos produtos que somente os "Especiais" tinham acesso (lembram-se das Lojas dos Responsaveis?). As praias de Zalala, Sopinho,Gazelas, Macuse, as idas ate Pebane, do aviao CASA onde viajavamos misturados com patos, galinhas e cabritos, enfim, um manancial de recordacoes que desdobradas dariam varios capitulos de um longo livro de memorias zambezianas. Lembrei-me dos meus acessores cubanos, das festas que davamos, da minhas dancas com a filha do falecido Presidente Samora, sem saber quem ela era (os cubanos e que me resgataram duma possivel "gaffe"), das Heinekens disponiveis no acampamento dos holandeses da construcao de estradas a troca de camaroes, da Efripel, do Entreposto Frigorifico, de Inhassunge, etc.........
Caso nao tivessemos que regressar as nossas casas, ainda estariamos em cordial cavaqueira ate agora..............
Saudacoes
ZC

Friday, 12 February 2010

Igreja de Santa Ana no Dondo


Revivendo o passado e o principio das minhas vivencias, hoje viajei ate ao Dondo, berco da minha infancia, local onde dei os meus primeiros passos, nao so fisicos como espirituais, etereos e alcoolatos. E nesta Vila, que os Caminhos de Ferro Centro em Mocambique se dividem em duas linhas principais,uma que liga o Porto da Beira com o Zimbabwe e outra com Moatize,tendo ainda um ramal de ligacao entre a pedreira de Muanza e a fabrica de cimentos da Nova Maceira. Aqui viviam os meus pais e irma, quando em 1955, as primeiras horas de uma manha chuvosa de um Primeiro de Maio,tiveram que ir ate a Beira, onde por volta das 6 horas da manha, no Hospital Central Rainha Santa Isabel, nascia um bebe robusto e pesado que se chamaria Jose (nome do avo paterno) Carlos (nome do avo materno) Correia Mendes (apelido materno) Lopes Pereira (apelido paterno); penso que na altura meus pais terao feito alguma promessa, que como promessa que foi nao falam sobre ela, mas logo apos a construcao da Igreja de Santa Ana nos finais da decada de cinquenta, ofereceriam uma imagem da Santa Ana, adquirida em Braga, que por muitos anos ficou na referida Igreja, nao sei se ainda por la estara. Nesse periodo viviamos no Bairro Ferroviario, perto da Estacao de Caminhos de Ferro e poucas sao as minhas memorias desse tempo,mas ainda me recordo de alguns episodios, que vos contarei numa proxima ocasiao.
Por hoje fico por aqui,que tenham um bom fim de semana, eu estarei a trabalhar.................
Saudacoes
Jose Carlos C.M.L.Pereira

Thursday, 11 February 2010

Humor acastanhado


Sinto que o meu humor hoje nasceu castanho, da mesma cor do cravo da India, ou cravinho, esse forte condimento indispensavel em imensas iguarias; logo de manha, ao ler um e-mail de um amigo distante, me fez crescer esta vontade de aqui deixar algumas invencoes linguisticas, principalmente verbos a condizer, que de certo nao irao chegar a tempo para o tao falado acordo ortografico; sendo assim, deixem-me aqui deixar parte deste meu humor, quando revejo e imagino, ca de longe, os meus amigos e acompanhantes de tantas e longas jornadas de luta hoquista, seu significado e suas ligacoes,por exemplo:
"Pimentalizar":implementacao de uma ideologia hoquista, ligada a uma poderosa e inesgotavel fonte de producao de hoquistas;
"Coelhar": ao primeiro sinal de perigo, refugiar-se logo na toca, onde um saboroso Juanito Caminhante ajudara a diminuir o medo; eh conveniente nao deixar os patins ah entrada da toca, pois ah saida sera malhanco certo!;
"Manjatar": a arte de bem manjar depois da patinagem, garante de protuberancia abdominal e de poder economico e politico;
"Tivanizar": a arte de patinar e driblar sem tirar os olhos do piso, sempre em alta velocidade, termina normalmente depois de chocar com a vedacao ou adversario ou entao proprio colega;
"Sandrizar": patinar artisticamente, com beleza musical, normalmente esta ligada ao termo "Tem manas boas!";
"Mungolizar": tactica locomotiva que significa "Eh pah, sai da frente, quero rematar!";
"Cazaquistar": forma de patinar, muito semelhante a forma dos Casaques no dominio de eguas selvagens;
"Afonsinar": tecnica individual de remate pranchado de longa distancia, exige pretuberancia rabosa elevada para contrabalanco no momento de remate;
"Gitar": passear em cima dos patins de forma elegante e do tipo "Nao me toques, senao eu caio!"
"Guitar": tactica hoquista para arranjar "guita", "mola", tem muita influencia "mangole";
"Pereirizar":eh dar peras em tudo e todos, agora mais temperadas e menos dolorosas, antes com o uso do stick, hoje com o uso do "rato";
Hoje fico por aqui, agora se nao gostarem e quizerem levar-me a tribunal por difamacao, ate agradeco, pois todos juntos ate podem contribuir para me pagarem uma passagem para eu aparecer a frente do Juiz (so espero k nao seja o Celio, senao tou lixado!), ah ah ah ah ah ah ah aha aha aha aha aha aha ahabahahahahahahaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa................................
byeeeeeeeeeee
Ze Carlos

Sunday, 7 February 2010

Mundial de Oliveira de Azemeis, 2003


Mundial em Oliveira de Azemeis,2003
Mocambique 3 - Inglaterra 1
Jogada onde o jogador mocambicano Elidio Canda faz uma marcacao individual ao jogador ingles, presenciado de perto por mim, Dr.Caze e Delegado Pires, junto a tabela.
Este tera sido o melhor Mundial em que Mocambique participou, desde a organizacao do estagio, equipamento, material, alojamento e alimentacao, direccao tecnica e nivel competitivo; ficamos em 10 lugar, mas poderia ter sido muito melhor se nao houvesse, como sempre, interferencias dos "homus arbitrarius", sendo inclusive o jogo com a Espanha, a equipa com mais titulos mundiais e a numero um a nivel mundial, o mais bem disputado, onde perdemos nos ultimos segundos por 3-2, atraves de um golo irregular.
Este sucesso foi possivel gracas a varios factores, desde os apoios e patrocinios conseguidos em Mocambique e atraves da cooperacao com Portugal, a afectacao do Professor Luis Senica para o comando da equipa, assim como todo o apoio e direccao por parte do Dr. Caze. Inesquecivel e a ser seguido,pois no ultimo Mundial em Vigo, nao houve um unico elemento da comitiva que tenha regressado da competicao sem se sentir zangado, desrespeitado, frustrado e desmobilizado, entre os quais o proprio Ministro da Juventude e Desportos que assistiu a pior exibicao da Seleccao depois de um dia de confusao, mal-estar e desestabilizacao; outros ainda nao compareceram como o Seleccionador Nacional Pedro Pimentel e eu proprio me vim embora depois do ultimo jogo da 1a fase; depois destes disabores todos, ainda nao se recuperou a estabilidade emocional necessaria para a continuacao do trabalho nas varias frentes que se apresentam-se para a manutencao e desenvolvimento da modalidade.
Saudacoes
Ze Carlos

Saturday, 6 February 2010

O Hoquei em Patins nao e um desporto de elite!!


Acordei hoje com uma raiva enorme, pela forma como tratam o nosso hoquei em patins em Mocambique.

Existe uma corrente muito forte, publicitada pelos varios orgaos de informacao e que debita na cabeca das pessoas menos informadas, a mensagem de que o hoquei em patins e um desporto de elite e muito caro.

Apetece-me dizer um palavrao ao ler estas incorrecoes e que demonstram uma falta gritante do conhecimento da modalidade, do seu historial e das vantagens no desenvolvimento fisico-psiquico, de coordenacao e espirito de equipa, de acompanhamento familiar e desenvolvimento da tanta propagandeada auto-estima.

O hoquei nao e de elite! Os desportos que sao de elite, porque para tal foram eleitas como de elite, sao o futebol, o basquetebol, o atletismo, o andebol e a natacao, as cinco modalidades que o Governo Mocambicano prioritiza como base do desenvolvimento, isto sim, e que se trata de elitizacao!

O hoquei em patins e uma modalidade dos pobres, dos desfavorecidos e dos vitimizados!

Esta modalidade surge como uma extordinaria forca na uniao das pessoas envolvidas, desde os atletas, familiares, dirigentes e clubes, foi num passado recente uma modalidade que deu muitas glorias ao desporto mocambicano, mas tem sido vitima de uma constante perseguicao por parte dos clubes, dirigentes e de outros intervenientes desportivos, movidos pela falta de informacao, pelo desconhecimento e pela inveja.

Dou exemplos do que esta a acontecer em alguns clubes, onde o hoquei deixou de ser acarinhado e protegido, pelo contrario, foi ate banido:

O Estrela Vermelha alugou o Pavilhao do Malhangalene (principal) ao basquetebol duma instituicao de ensino, o hoquei nao e autorizado, a nao ser que pague o aluguer; o Anexo esta disponivel, mas quando outras modalidades recreativas, como o futsal e basquetebol aparecem para treinar, o hoquei tem que sair.

O Ferroviario retirou o Campo da Baixa que era do hoquei e deu ao basquetebol, o hoquei nao e autorizado, em troca deram o campo que era do basquete e que nao esta adequado a modalidade, exige investimento, que o basquete nao fez, mas que conseguiu atraves do "roubo" e "usurpacao" do campo que sempre foi do hoquei.

O SNECI, com um historial enorme ligado ao hoquei e patinagem artistica, mesmo depois da Independencia, foi absorvido por um clube com ligacoes a uma comunidade poderosa e importante, onde o hoquei foi completamente ignorado e banido, em favorecimento de outras modalidades como o futsal.

O Desportivo deixa que a modalidade se pratique, tem apoiado, mas quando se trata de competicoes, e preciso pagar o aluguer, e preciso "mola"para se jogar, senao nao ha hoquei para ninguem.

O factor "mola" que tanto os clubes precisam, norteia a sua actuacao e os principios estatutariamente consumados, ficam esquecidos e guardados nas gavetas.

Li um texto da revista "Idolo", os principios basicos para o desenvolvimento duma modalidade, perfeitamente indicados e esclarecidos e que deveriam constituir as linhas de orientacao e actuacao por parte dos clubes (Enlance entre pai e filho desportista).

Depois destes exemplos, ainda me veem dizer que o hoquei e de elite?

Somos banidos, somos corridos, somos desrespeitados, somos marginalizados, somos perseguidos e ainda somos de elite?

E a falta de visao por parte dos "ideiortas" (diminutivo para "ideias tortas") que definem as prioridades desportivas para o Pais, querendo ser iguais e atingir niveis em modalidades praticadas em Paises onde o desenvolvimento economico e muito superior ao de Mocambique, e uma ilusao e so traz frustracoes constantes aos desportistas e publico amante do desporto; a auto-estima e danificada, diminuida quando os resultados alcancados em competicoes internacionais sao frustrantes, depois de enormes expectativas criadas na consciencia colectiva dos acompanhantes das tais modalidades "prioritarias" e "elitistas".

O cumulo ate existe a nivel do proprio Governo Mocambicano: o dirigente do Desporto a nivel ministerial , o Vice-Ministro do Desporto, o Dr. Caze, e um homem e desportista criado e vindo do hoquei em patins; para quem conhece o seu historial ao longo dos anos desde a Independencia sabe que ele esteve sempre ligado ao hoquei, como praticante, medico e dirigente; quando outras modalidades o descobriram como Medico e um optimo profissional, carinhoso e jocoso para com os seus atletas, foram busca-lo pois sabiam das suas qualidades tecnicas e humanas; ou seja, o proprio Governo foi "roubar"ao hoquei um dos seus melhores elementos para apoiar e desenvolver as outras modalidades e ainda me dizem que somos elitistas??

Desejo-vos um bom fim de semana!

Ze Carlos