No Jornal Noticias de hoje, encontrei esta entrevista concedida pelo Presidente do Conselho Nacional de Desporto, Eugénio Chongo, sobre o perfil de lideranca desportiva, que penso ser actual e importante, merecedora de uma reflexao por parte daqueles que querem ser Dirigentes Desportivos; passo a transcrever parte dessa entrevista:
"PERFIL PARA LIDERANÇA
Maputo, Segunda-Feira, 24 de Janeiro de 2011:: Notícias
NOT – O perfil de alguns presidentes das federações ou associações é de lamentar. O que tem a comentar tendo em conta que temos que ter pessoas certas em lugares certos?
E.C. – A liderança no movimento associativo é voluntária e, sendo assim, não é remunerável. Muitas pessoas aparecem até de pára-quedas o que suscita grandes conflitos, porque pensam que há muito dinheiro. Mais tarde se apercebem que não há nada disso. É apenas vontade, esforço e gosto que as pessoas têm com o desporto. O outro factor é eleitoral. As pessoas manifestam e confiam nesses indivíduos sem perfil e liderança própria para o desporto, que nunca jogaram, dirigiram e se formaram para o desporto. Então as pessoas acabam por ser coagidas a eleger e, se calhar, por determinada forma de ser e de estar desses indivíduos, pensando que terão um “Messias”. Porém, este indivíduo quando chega estende também a mão à espera que o Governo apoie. Mas quando fez o seu manifesto e sua campanha não falou do Governo, mas de si próprio.
Sendo assim, quem deve reverter esta situação é o próprio órgão que o elegeu. Contudo, estudamos uma forma mais séria que será extensiva e aberta para acolher opiniões da maioria, que é importante ir se buscar o perfil do dirigente desportivo. A pessoa não deve ser escolhida pela dinâmica ou retórica. Portanto, deve haver um padrão para escolha aprovado por todos. Por outro lado, existem pessoas que podem ser “sponsors”, porque têm uma dinâmica financeira. É importante encontrar lugar para essas pessoas, porque o aspecto financeiro é também um requisito e precisa de se ter em consideração, mas observando as vantagens e desvantagens. Este é um contorno que se está a procurar e penso que para este ano poderá se convocar uma reunião de reflexão para analisar este processo, que é muito importante porque está intrinsecamente ligado aos resultados desportivos.
NOT – A voluntariedade na liderança desportiva acaba abrindo espaço para que algumas pessoas sem perfil influenciem os seus associados e se mantenha na presidência desmerecidamente. O que tem a comentar?
E.C. – Por mim acho que é falta de idoneidade nas pessoas. Porque cada um deve mostrar o que vale e é. As pessoas devem mostrar um impacto forte na sua idoneidade moral e cívica. Não é por motivos passageiros que eu vou comprometer quatro anos (um mandato). Isto é muito errado, porque se falamos de um órgão associativo nos referimos a alguém eleito com o seu elenco. E este elenco é mais para exactamente equilibrar a liderança desta pessoa. Porque não é empresa, mas sim pessoas eleitas e que têm opinião nesse líder e este deve ouvi-las. Não deve compor um órgão para montar, mas sim para se equilibrar dele. Se há arrogância e prepotência do líder, o órgão deve efectuar mudanças."
Fazendo votos para que o novo elenco directivo da Federacao Mocambicana de Patinagem consiga liderar os destinos da modalidade nos próximos 4 anos, respeitando os valores e princípios definidos pelo Presidente da CND e demonstrem que a escolha sobre o Presidente Nicolau Manjate foi acertada, tendo sido feita com base na sua idoneidade e capacidade financeira, apoiado pelos familiares e amigos com enorme peso no cenário político, económico e social em Mocambique.
ZC
(Foto do FB do Bruno Pimentel, c/ m/ agradecimentos)