Cazé decisivo na primeira vitória internacional

Foto de despedida da Selecção Nacional de Hóquei em Patins ao Vice-Ministro da Juventude e Desportos, Dr.Carlos Sousa (Dr.Cazé, o quarto da esquerda para direita, em cima)

A primeira vitoria do Desporto Mocambicano, pós-Independência, fora do País, foi alcançada pela equipa de hóquei em patins do Benfica de LM, em 1979, num Torneio Internacional realizado em Luanda.

Fizeram parte dessa equipa os seguintes jogadores:

Rui Fouto e Fusa (Carlos Sá) como guarda-redes;

Carlos Pinto, José Carlos, Luis Brito, Neutel de Abreu e Cazé (Carlos Sousa);

O Treinador era o Campeão do Mundo Fernando Adrião; o massagista era o João Mangue; acompanhavam ainda a equipa o Delegado e o Chefe de Delegação Julio Neto.

Viajamos de Maputo para Luanda, num vôo da TAAG, passando por Lusaka e já a bordo a nossa presença fez-se sentir no seio das hospedeiras; algumas delas seriam nossas fãns ate ao final do Torneio.

No primeiro jogo jogamos com a segunda equipa de Angola, o Futebol Clube de Luanda e ganhamos por 6-2; no segundo jogo, mais equilibrado, ganhamos a um Misto de Luanda por 2-1; a final foi disputada com o Petro Atlético de Luanda e ganhamos esta final por 2-1.

Durante o jogo da final, ainda na 1^a parte, quando ganhavamos por 1-0, fui agredido traiçoeiramente pelo jogador Viegas, com uma sticada na cabeca, quando estava a disputar um lance na nossa defensiva; uma agressão por traz, nao tive nenhuma hipótese de me esquivar e um corte enorme na minha nuca, fazia jorrar sangue abundantemente; tive que sair do jogo e ir para o Hospital de Luanda, onde fui suturado com 8 pontos.

Para me susbstituir, entrou o Cazé e foi através da sua entrega e abnegacão, que conseguimos defender o resultado até meados da 2^a parte, altura em que regressei do Hospital; ainda me preparava para de novo entrar, calçando os patins (quando fui para o Hospital, apenas descalcei os patins e tirei as luvas) e de novo a nossa equipa aumentava a vantagem para 2-0, um golo do Neutel de Abreu; durante o tempo em que estive fora do rinque, o Cazé foi sempre uma seta apontada para a equipa adversária, tendo tido várias oportunidades de marcar, colocando mesmo uma bola ao poste; a defender, a sua entrega foi fundamental para conseguir travar os angolanos e no meu regresso ao campo para o substituir, o Cazé foi muito aplaudido por todo o estádio; até ao final da partida, ainda sofremos um golo de grande penalidade marcado pelo melhor jogador angolano.

Foi assim, graças a entrega e sacrifício do Cazé que conseguimos a primeira vitória num Torneio Internacional; no regresso a Maputo, seríamos recebidos pelo Governador José Moiane, que ainda este ano, na minha estadia em Maputo, me encontrou no BIM e se lembrou da homenagem efectuada na altura.

Aqui fica o registo de um dos maiores embates entre equipas de Moçambique e Angola, uma velha rivalidade que hoje mais uma vez irá acontecer, dentro de uma hora, quando iniciar o Moçambique x Angola, para decisão de passagem para os quartos de final do Mundial de S. Juan, na Argentina.